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O jogo político que explica a reeleição de Ednaldo Rodrigues na CBF


Nesta segunda-feira (24), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) realizou a eleição presidencial da entidade com chapa única e Ednaldo Rodrigues foi eleito para novo mandato até 2030. Por ser o único candidato, o mandatário teve voto de todas as 27 federações, além dos 40 clubes das Séries A e B.

Ronaldo Fenômeno, ex-jogador e ex-dono da SAF do Cruzeiro, tinha a intenção de concorrer ao pleito, mas não obteve apoio suficiente para lançar a candidatura e desistiu.

Ronaldo Fenômeno não conseguiu nem apresentar seu projeto

Filipe Reveles, Photo Premium/Gazeta Press
Filipe Reveles, Photo Premium/Gazeta Press

Para lançar candidatura à presidência da principal entidade do futebol brasileiro, Ronaldo (ou qualquer pessoa) precisa de uma carta de recomendação de pelo menos quatro clubes dos 40 clubes entre Série A e B e quatro das 27 federações. Até pouco tempo, o número era maior (oito das 27 federações precisavam permitir a candidatura).

Pensando na chance de ser candidato, o ex-jogador enviou 27 cartas que as federações o recebessem para uma conversa para apresentar os planos para a CBF. A ideia inicial não foi pedir o apoio. Entretanto, de todas as cartas, ele recebeu a recusa de 23 das associações, que sequer abriram conversas. As outras quatro não responderam, por estarem satisfeitos com a atual direção da CBF.

Ao não receber sequer o direito de expor suas ideias, Ronaldo expôs publicamente a desistência de concorrer ao pleito, retirando sua intenção de ter uma candidatura.

“Depois de declarar publicamente o meu desejo de me candidatar à presidência da CBF no próximo pleito, retiro aqui, oficialmente, a minha intenção. Se a maioria com o poder de decisão entende que o futebol brasileiro está em boas mãos, pouco importa a minha opinião.”

Como funciona a eleição para a presidência da CBF?

Eleições da CBF desta segunda-feira (24). Foto: Staff Images / CBF
Eleições da CBF desta segunda-feira (24). Foto: Staff Images / CBF

Além da recomendação de no mínimo quatro clubes e quadro federações para se candidatar à presidência da CBF, Ronaldo enfrentaria mais uma barreira: a de conquistar votos suficientes para ser eleito.

Para entender a matemática dos votos, é preciso informar que três grupos podem votar para eleger o presidente da CBF: as 27 federações filiadas, os 20 clubes da Série A e os 20 clubes da Série B. O peso dos votos, entretanto é diferente para cada grupo.

A matemática dos votos:

  • 27 Federações filiadas – voto com peso 3
  • 20 clubes da Série A – voto com peso 2
  • 20 clubes da Série B – voto com peso 1

A partir do momento em que 23 das 27 federações recusaram um encontro com o possível candidato, entende-se que elas são aliadas a Ednaldo Rodrigues. Portanto, o atual mandatário já teria consigo 69 votos, uma vez que o peso 3, multiplicado pelas 23 federações, daria 69.

Sobrariam 72 votos em disputa. Mesmo que Ronaldo conseguisse o voto de todos os clubes, ainda precisaria de ao menos quatro federações para tentar alcançar o número de votos previstos para Ednaldo, que nesse exercício já teria ao seu lado 23 federações

Assim, ficaria com 4 x 3 = 12 votos das federações, 20 x 2 = 40 votos dos clubes da Série A e 20 x 1 = 20 votos dos clubes da Série B.

No fim, vimos que Ednaldo Rodrigues tinha apoio de todas as 27 federações. Além dos 40 clubes. Na semana da eleição houve um rumor de que o presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, lançaria uma chapa de oposição para concorrer à eleição. Mas, como de costume há três décadas, o pleito ocorreu apenas com um candidato: Ednaldo Rodrigues.

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Eleições têm chapa única desde 1989

Há 36 anos que a CBF não tem uma eleição com dois candidatos. A última vez que isso ocorreu foi em 1989, quando o vice-presidente Nabi Abi Chedid, indicado por Octávio Pinto Guimarães, concorreu e perdeu para Ricardo Teixeira, que teve indicação de João Havelange, então presidente da FIFA.

Ricardo Teixeira se manteve por 23 anos no poder, renunciando em 2012. Em 2019, a FIFA anunciou o banimento perpétuo dele em atividades relacionadas ao futebol, após denúncias de propina para o Brasil sediar a Copa do Mundo de 2014.

De 1989 pra cá, todas as eleições foram de candidato único: José Maria Marín, Marco Polo Del Nero e Rogério Caboclo. E isso tem uma explicação: o jogo político com as federações, além de um estatuto que protege quem está no poder.

Jogo político e “mesadas” para as Federações

Eleições da CBF desta segunda-feira (24). Foto: Staff Images / CBF
Eleições da CBF desta segunda-feira (24). Foto: Staff Images / CBF

Em 2024, Ednaldo Rodrigues conseguiu, através de uma assembleia, alterar o estatuto da CBF ampliando para duas reeleições para os candidatos à presidência. Até então, todos os presidentes podiam se reeleger apenas uma vez. Essa mudança aprovada por 27 a 0, tornou possível a manutenção de Ednaldo Rodrigues no poder até 2030.

Como assumiu como presidente interino após a saída de Rogério Caboclo, Ednaldo ainda conseguiu que esses três mandatos só contassem a partir da eleição vencida em 2022. O que, na prática, permite que ele fique no poder até 2034.

Hoje, com os votos tendo peso 3, os presidentes das federações são os potenciais candidatos a futuros mandatários da CBF. Junto com a obrigatoriedade de que quatro federações “autorizem” qualquer futuro candidato, vira um cenário que restringe a chance de ser candidato a um grupo muito específico de pessoas e possibilita que o poder siga nas mesmas mãos.

A relação política entre a CBF e as federações estaduais conta com “mesadas” em dinheiro. Todo mês, a CBF encaminha para cada uma das federações, dois pagamentos, chamados de “mesada” no ambiente político. Um para custear as despesas das federações e a outra diretamente para o presidente das federações, totalizando 54 transferências. Isso consta no balanço publicado pela CBF e não acontece de forma ilegal. Além disso, as federações não têm que prestar contas sobre esse dinheiro.

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O período da eleição é um outro ponto de pouca transparência. O presidente da CBF quem marca quando será a eleição, num prazo de um ano, o último do mandato em vigor. O presidente da entidade, quase sempre um postulante a continuar no cargo, pode jogar a eleição para mais cedo ou mais tarde a seu critério. Isso pode permitir que uma possível oposição não tenha tempo para se organizar, por exemplo.

Tudo isso somado gerou a eleição de Ednaldo Rodrigues por aclamação, ganhando todos os 67 votos disponíveis, numa pleito de candidato único. Até porque, com esse cenário estabelecido, não comparecer para votar ou se abster teria zero efeito prático e poderia trazer desgaste para quem o fizesse. E assim terminou mais uma eleição na entidade que comanda o futebol brasileiro…

Vice-presidentes eleitos com Ednaldo Rodrigues

Com Ednaldo foram eleitos também oito vice-presidentes: Ricardo Nonato Macedo de Lima, Reinaldo Rocha Carneiro Bastos, Gustavo Oliveira Vieira, Gustavo Dias Henrique, Ednailson Leite Rozenha, Antônio Roberto Góes da Silva, Leomar de Melo Quintanilha e Rubens Renato Angelotti.

Veja o discurso de Ednaldo Rodrigues:



Fonte tntsports

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