Carlo Ancelotti será oficialmente apresentado como técnico da Seleção Brasileira nesta segunda-feira (26), marcando o início de uma nova era para a equipe nacional. Este momento é o mais esperado, depois de uma trajetória iniciada em 2023, repleta de negociações, expectativas e reviravoltas.
Em 2023, após a saída de Tite do comando da Seleção Brasileira, o então presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, identificou Ancelotti como o nome ideal para liderar o Brasil rumo à Copa do Mundo de 2026. A escolha foi influenciada pela opinião de jogadores brasileiros, inclusive os que atuavam sob o comando do italiano no Real Madrid.
Ronaldo Fenômeno ajudou a colocar presidente e treinador em contato na época. Carlo Ancelotti tinha contrato com o Real Madrid até junho de 2024, e Ednaldo chegou a afirmar publicamente que o técnico assumiria a Seleção a partir da Copa América, ao fim do vínculo com o clube espanhol.

Apesar das conversas e de um entendimento preliminar, não houve um contrato formalizado. Ancelotti chegou a assinar um termo de compromisso, mas sem validade jurídica.
Na época, Fernando Diniz, então técnico do Fluminense, foi contratado como treinador interino por 12 meses e assumiu a dupla função, até que Ancelotti estivesse livre para assinar com a Seleção.

“Ele (Diniz) é o treinador da Seleção mesmo. Contrato de 12 meses. Ele vai dirigir a Seleção com autonomia. Mesmo que o Ancelotti queira que ele continue, ele não quis focar nisso agora. Entendemos que não tem prejuízo para o Fluminense”, disse o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues na ocasião.
No fim de 2023, a CBF vivia impasse por uma decisão da Justiça que tirou Ednaldo Rodrigues da presidência, mas não era reconhecida pela Fifa e pela Conmebol. As duas entidades chegaram a agendar uma visita em janeiro de 2024, quando nova eleição poderia ser marcada. Em meio a esse caos político, no dia 29 de dezembro de 2023, Carlo Ancelotti anunciou a renovação do seu contrato com o Real Madrid até 2026, frustrando os planos da CBF.
- A persistência da CBF e os obstáculos
Mesmo após a renovação de Ancelotti com o Real Madrid, a CBF manteve o interesse no treinador. Em 2024, a entidade retomou os contatos, mas enfrentou obstáculos, incluindo a instabilidade política interna, com a destituição de Ednaldo Rodrigues da presidência. Além disso, Ancelotti deixou claro que sua prioridade era permanecer no clube espanhol.

Durante esse período, a Seleção foi comandada interinamente por Fernando Diniz e, posteriormente, por Dorival Júnior. No entanto, os resultados abaixo do esperado nas Eliminatórias para a Copa de 2026 reacenderam a busca por um técnico de renome internacional. Antes mesmo da derrota para a Argentina na data FIFA de março, Ednaldo Rodrigues já tinha feito novos contatos com Carlo Ancelotti, que seguia sendo o sonho do então presidente.
- A concretização do acordo
Com a demissão de Dorival Júnior e a eliminação do Real Madrid da Liga dos Campeões, que também estava prestes a encerrar a temporada sem títulos, as conversas esquentaram, especialmente pela possibilidade de Ancelotti deixar o comando do clube antes do fim do contrato.
O presidente Ednaldo Rodrigues enviou um emissário para Espanha, e também conversava diretamente com o treinador. Apesar de uma sinalização positiva de Ancelotti, a negociação esbarrou no Real Madrid, e a CBF chegou a se retirar do negócio.
Depois de semanas marcadas por espera, hesitações e reviravoltas, finalmente se chegou a um desfecho positivo, que culminará na apresentação oficial do treinador como técnico da Seleção Brasileira nesta segunda-feira (26).
O italiano aceitou o convite e será o primeiro estrangeiro a comandar a Seleção Brasileira na era moderna – antes, outros três nomes gringos comandaram a Seleção Canarinho. O presidente da CBF já não é mais o mesmo que negociou com o comandante, mas segue valendo tudo que foi acertado em contrato entre treinador e entidade.

Ancelotti será apresentado oficialmente um dia após o término da temporada espanhola. Sua estreia está marcada para as partidas das Eliminatórias da Copa do Mundo contra o Equador, no dia 5 de junho, e o Paraguai, no dia 10 de junho.